Na matéria do diálogo • Filipe Faria • Orlando Trindade

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Na matéria do diálogo • Filipe Faria • Orlando Trindade

€12.00

Na matéria do diálogo
2023
MU0132
LIVRO

+ INFO

BANDURRA 43. Reinterpretação da Viola Beiroa de Manuel Moreira (Salvador, 1891-1970), Penha Garcia. Um diálogo com a viola de mão de Belchior Dias (Lisboa, 1581). 

BANDURRA 43. Reinterpretation of Manuel Moreira's Viola Beiroa (Salvador, 1891-1970), Penha Garcia. A dialogue with Belchior Dias' renaissance guitar (Lisbon, 1581)

Um projecto original An original project by 
Filipe Faria \Arte das Musas

Em parceria com In partnership with 
Município de Idanha-a-Nova 
\UNESCO Creative City of Music

Apoio Support
República Portuguesa - Cultura 
\Direção-Geral das Artes

+ Apoios Supports
Museu Nacional de Etnologia
Direção-Geral do Património Cultural
INET-md Centro de Estudos em Música e Dança (FCSH/UNL) 
Núcleo Etnográfico da Lousa
Lousarte - Associação Cultural e Etnográfica da Lousa

Edição Edition Arte das Musas
Colecção Collection Etno Series
Parceria Partnership O Homem – Colectivo
Design gráfico Graphic design Filipe Faria
Tradução Translation Kennistranslations
1ª Edição 1st edition Idanha-a-Nova 2023
Impressão Print Gráfica Maiadouro
ISBN 978-989-35083-3-6
Depósito Legal Legal deposit 522854/23
Tiragem Print run 500 exemplares copies

Filme Film Na matéria do diálogo On the subject of dialogue
Realização, câmara e som Direction, camera and sound Filipe Faria

MU0132 © 2023 Arte das Musas
© 2023 Filipe Faria, fotografias photos 
(excepto quando creditadas unless otherwise credited)
Todos os direitos reservados All rights reserved

Ao mesmo tempo, ferramenta e obra de arte
Filipe Faria

A tapeçaria bordada pelos elementos do património musical português é um reflexo do cruzamento de fios culturais e históricos que moldaram a identidade musical do país ao longo dos séculos. O nosso instrumentário musical popular, tal como o conhecemos hoje, é o resultado da contaminação inevitável de viagens, gostos pessoais, experiências individuais ou necessidades colectivas. A evolução é inevitável — hoje não tenho aquela madeira, amanhã consigo outra, hoje pedem-me que crie novas formas, aumente, diminua, amanhã que crie algo novo ou que copie o passado, hoje que mantenha fielmente o desenho e as madeiras, amanhã que arrisque novas combinações. 
Os instrumentos têm esta capacidade… são, ao mesmo tempo, ferramenta e obra de arte, representam, ao mesmo tempo, pessoas, colectividades, regiões, países, continentes… Vividos no passado, continuam a ecoar na experiência musical dos dias de hoje, contribuindo para a riqueza da memória sonora colectiva.
A música, como forma de expressão universal, não conhece fronteiras geográficas… é invisível, sem limites. Na sua expressão física nunca teve dificuldade em entrar pelas portas e janelas, ajudada por caminhantes e bagagens, barcos, caravelas, comboios ou aviões. Esta viagem cria novos cruzamentos e sugere, ainda, outros caminhos… a contaminação (inevitável) traz uma nova dimensão ao nosso instrumentário. 
A necessidade prática molda, igualmente, o desenvolvimento do instrumentário musical. Os instrumentos são criados ou adaptados para atender a pedidos ou obrigações de determinados indivíduos, comunidades ou actividades — hoje pedem que tenha mais som, que chegue mais longe e mais forte, ao fundo da sala (e as salas não param de crescer), amanhã pedem que encontre um timbre quente, uma cor fechada, "só para mim", hoje que seja parte da festa, amanhã que crie algo sereno e que não acorde ninguém (muito pelo contrário). 
Como sabemos, instrumentos como a palheta beirã foram usados em festas e celebrações locais, enquanto instrumentos de percussão, como o adufe, eram essenciais em rituais religiosos e festas populares. A necessidade de expressar emoções, celebrar eventos importantes e comunicar mensagens influencia radicalmente as escolhas estéticas e as técnicas musicais em diferentes tempos e contextos culturais.
(…)

Both a tool and a work of art
Filipe Faria

The tapestry embroidered by the elements of Portugal's musical heritage is a reflection of intersecting cultural and historical threads that over the centuries have moulded the country's musical identity. Our folk musical instruments, as we know them today, are the result of the inevitable contamination of travels, personal tastes, individual experiences, and collective needs. Evolution is inevitable — I don't have that type of wood today, tomorrow I'll get a different one, today they ask me to create new forms, to make it bigger, smaller, tomorrow they will ask me to create something new, or to copy something from the past, today to faithfully maintain design and woods, tomorrow to develop new combinations. 
Instruments have this ability. They are both a tool and a work of art. They represent people, communities, regions, countries, continents. Having lived in the past, they continue to echo in today's musical experience, contributing to the richness of the collective sonic memory.
Music, as a universal form of expression, knows no geographical boundaries. It is invisible and has no limits. In its physical expression, it has never found it difficult to enter through doors and windows, aided by walkers and luggage, boats, caravels, trains or aeroplanes. This journey creates new crossings and suggests new paths. The (inevitable) contamination brings a new dimension to our collection of instruments. 
Practical necessity also moulds the development of musical instruments. Instruments are created or adapted to meet the needs and demands of certain individuals, communities or activities — today they ask for more sound, for it to reach further and louder, to reach the back of the room (and rooms keep growing), tomorrow they will ask for a warm timbre, a closed colour, "just for me", to be part of the party today, tomorrow for something serene which won't wake anyone up (quite the opposite).
As we know, instruments such as the palheta beirã were used in local festivals and celebrations, while percussion instruments such as the adufe were essential in religious rituals and popular festivals. The need to express emotions, celebrate important events, and communicate messages radically influences aesthetic choices and musical techniques in different times and cultural contexts.
(…)

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